quinta-feira, 23 de agosto de 2012



A educação começa em casa


" É no lar que a educação da criança deve iniciar-se. Ali está a sua primeira escola. Ali, tendo seus pais como instrutores, terá a criança de aprender as lições que a devem guiar por toda a vida - lições de respeito, obediência, reverência, domínio próprio. As influências educativas do lar são uma força decidida para o bem ou para o mal. São, em muitos sentidos, silenciosas e graduais, mas sendo exercidas na direção devida, tornam-se fator de grande alcance em prol da verdade e justiça." Orientação da criança, Ellen G. White.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Educação. Responsabilidade da família ou da escola?
                                                                                      GONÇALVES, Regiele.

RESUMO: A quem cabe educar a criança que é tão pequena em tamanho e tão grande em sinceridade, alegria, egocentrismo, dúvidas, desafios...? Amar a inocência que habita a criança, não basta. Fazê-la curvar-se frente ao autoritarismo maquiado de respeito não é suficiente para torná-la um ser humano, um cidadão atuante e feliz.  Se a escola e os pais, que povoam o mundo infantil, assumirem responsavelmente o desenvolvimento de habilidades inatas permitindo o desenvolvimento do potencial intelectual, afetivo e psicomotor, o exercício da cidadania tornar-se-á natural e moralmente prazeroso


Palavra chave: cidadania, família, papel da escola.


ABSTRACT

Who is to educate a child who is so small in size and big on sincerity, joy, self-centeredness, questions, challenges...? Love the innocence that inhabits the child is not enough. Make her bow against the authoritarianism of respect makeup is not enough to make it a human being, a citizen active and happy. If the school and the parents who populate the world of children, responsibly assume the development of innate abilities enabling the development of intellectual potential, affective and psychomotor, the exercise of citizenship will become natural and morally satisfying.



INTRODUÇÃO



A escola ao ocupar o lugar da família tentará transmitir valores e conceitos de uma maneira coletiva. Ocorre que o aluno ao agir em casa em conformidade com o que foi ensinado na escola poderá entrar em conflito com os conceitos e hábitos da sua família. Esta realidade acabará por confundir ainda mais a criança que dependendo do lugar que esteja escuta ordens diferenciadas para uma mesma situação.  
       A família não cumpre com a sua responsabilidade de educar e na maioria das vezes não acata as regras quando estas vão de encontro com a sua maneira de agir criando um choque na criança por não encontrar no seu lar o mesmo respaldo.   A criança em formação não sabe distinguir qual é a maneira certa e sim qual é a maneira mais fácil. Se em casa tudo é permitido ele avança; se na escola existem regras e estas são praticadas ele as cumpre. Como ele não saberá quais valores são os corretos, criam-se oportunistas e não cidadãos. O certo e o errado não existem para ele e sim o aproveitar a oportunidade.
      Se na minha casa eu posso fazer o que na escola é proibido, eu vou aproveitar a minha casa e agir como eu quero.   Será que é este tipo de pessoa que queremos formar?   É normal nos dias de hoje ouvir professor dizer que: não adianta insistir, pois a criança passa alguns anos na escola e o resto da vida com a família, então é melhor deixá-lo  agir como ele quer.   E a dúvida continua sem se saber a quem pertence à responsabilidade do ato de educar.  

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Diante de várias mudanças ocorridas na sociedade, com tantas informações e avanços tecnológicos, é possível observar  uma inversão de papéis e valores, onde a família ganha uma nova configuração, a mulher conquista cada vez mais seu lugar no mercado de trabalho, a criança também muda e conseqüentemente o aluno e a escola.
A sociedade atual sofre transformações, na organização da família, instituição social fundamental na promoção educativa. Verifica-se que cada vez mais por se encontrar ausente fisicamente do âmbito familiar, a responsabilidade sobre a educação é relegada para a escola e o professor é chamado para desempenhar papéis diversos.
Além de promover a educação da criança, mostrando o correto, muitas vezes a escola terá que propiciar situações para que os pais reflitam sobre seus papéis e atribuições, tendo em vista que seus filhos permanecem mais tempo com os profissionais da escola do que com eles mesmos.
            Quanto mais complexa a sociedade, maior são os desafios apresentados à escola. No sentido de atender à complexidade atual, a escola e todo o sistema ao qual vincula-se, deve promover uma educação que nas palavras de Libâneo (2003, p.118), consiste em:
ser agente de mudanças, capaz de gerar conhecimentos e desenvolver a ciência a tecnologia; trabalhar a tradição e os valores nacionais ante a pressão mundial de descaracterização da soberania das nações periféricas; preparar cidadãos capazes de entender o mundo, seu país, sua realidade e de transforma-lo positivamente.

Então surge a pergunta “O que é ser cidadão?”. Segundo a definição de Helbert de Souza – Betinho (2002, p.22),
O cidadão é o individuo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte e consciência da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação.
Esta definição de cidadania esclarece a importância da ética na formação do cidadão.
A educação, pautada por uma ética, não constitui somente um conjunto de técnicas e instrumentos subjacentes aos processos de ensino e de aprendizagem. Tais processos só adquirem coerência e sentido quando, sob o crivo cientifico e filosófico, proporciona ao homem, como ser social se transformar.
Na sociedade atual vem ocorrendo a instabilidade de valores fixos e universais e que nesse contexto, a educação moral como transmissora de valores e comportamentos morais não tem mais espaço.
Não existe sentido em falar de educação em um contexto externo à sociedade, a exigência ética também só pode ser pensada a partir das relações com o outro.
Segundo Valle (2001, p.185),
A principal tarefa da educação é, pois, a formação ética de seus cidadãos, que numa democracia, supõe a construção, por parte de cada uma das condições a partir das quais ele poderá participar plenamente da vida comum, deliberando e refletindo sobre o que é felicidade de todos.
Educar é um processo longo e seu resultado, seja ele positivo ou negativo, também demora um bom tempo para aparecer. Assim sendo, hoje se pode avaliar mediante os resultados que temos claramente evidenciado no dia a dia, que a educação não está acontecendo de forma correta seja ela dentro de casa no convívio com a família, seja na escola.   Como vivemos no tempo do imediatismo, percebemos que a educação, por ser um processo longo, está perdendo as suas características principais e tudo está sendo feito de qualquer jeito.  
Atualmente a família diz que a educação é responsabilidade da escola e a escola diz que os pais não estão cumprindo com o seu papel de educar. Com esta discussão para saber a quem cabe o papel de educar, as crianças estão crescendo sem qualquer orientação, fazendo tudo o que querem e achando que são os donos do mundo.   O egocentrismo nunca esteve tão evidenciado nas atitudes das crianças, jovens e adultos como nos dias atuais. Segundo Ferreira (2004, p.1.232):
A formação humana integral que se alicerça na ética humana foi secundarizada pelos ditames da produtividade e da competitividade que o neoliberalismo impõe. O individualismo, como nunca, desenvolve-se em escala sem precedentes, quer pela ausência de formação humana, quer pela “necessidade” de “correr atrás do trabalho” para sobreviver.
E daí nos vem a dúvida “Qual o papel da escola?”
A escola tem a função de implementar e promover conhecimentos, habilidades e atitudes a serem adquiridas, desenvolvidas. Essas ações devem ser discutidas no âmbito escolar, com todos os interessados, aluno, professor, família, comunidade. A sala de aula é um dos espaços no qual se realiza essa aprendizagem.
A família é a responsável direta pelo aluno. Portanto, ela precisa participar e, muitas vezes, ela é desejada na escola: quando o aluno tem um rendimento (as notas) baixo, quando a escola faz um acompanhamento psicológico, diante da falta grave do aluno, etc.
O fato de a família encaminhar seu filho para a escola, não tira dela o compromisso de educa-lá. É pela escola que a família participa dos problemas e da vida de seus filhos. O importante é que haja essa participação, é preciso que a escola aceite de bom grado essa integração família/escola.
Segundo Schmitz (1993) é função da escola
um lugar,um ambiente, em que os jovens se reúnem entre si e com educadores profissionais, para tomarem consciência mais profunda de suas aspirações e valores mais íntimos e mais legítimos, e tomarem decisões mais esclarecidas sobre sua vida, a partir de aprendizagens significativas.”
  A escola deve procurar na família a contribuição para o crescimento individual e social de seus alunos. É preciso preparar o educando para viver e se integrar na comunidade, no seu ambiente, enriquecendo-o e transformando-o.
A infância necessita de um ambiente favorável ao desenvolvimento do ser. Não se deve discutir na presença do menino. Não se deve utilizar o recurso violento da ameaça. O lar deve ser tranqüilo, respirar um ambiente agradável, porque isso sossega a parte psíquica do pequeno, sempre inquieta, e então permite que a educação se acentue sem nenhuma dificuldade.
Dedicar um cuidado especial aos filhos. Levar a eles conselhos prudentes e sábios, o ensinamento oportuno, a necessária advertência, extraídos esses elementos valiosos da experiência própria. Analisar as circunstâncias que rodearam o momento em que o menino se portou mal.
Tanto a escola quanto a família precisa hoje, mais do que nunca, exercitar valores nas suas ações diárias. Somente assim ensinaremos moral, ética e cidadania para nossas crianças.   Eles têm que vivenciar, principalmente através dos exemplos das atitudes praticadas pelos que os cercam. Para viver em sociedade é preciso cumprir regras. Elas existem justamente para serem cumpridas e não para serem violadas. A época do jeitinho brasileiro tem que acabar definitivamente.   Somente criando indivíduos com fortes conceitos de honra, moral e ética é que poderemos vislumbrar uma mudança radical no nosso país.   Este processo é demorado, mas temos que dar o primeiro passo o quanto antes.
Cabe à escola preparar a recepção dos alunos, priorizando a afetividade e a socialização, para que a criança sinta-se acolhida. Já os professores, ao receber a turma, devem respeitar as individualidades, lidando com as diferenças. Cada criança tem o seu jeito de ser, manifestado das mais diversas formas. O professor deve estar atento aos desejos das crianças, cabendo-lhe proporcionar um ambiente de integração, com o objetivo de obter uma turma homogênea, sem deixar de ser dinâmica e participativa.
Cabe à família valorizar a escola e incentivar a criança, preparando seu reingresso/ingresso, preocupando-se com todos os detalhes (uniforme, materiais), fazendo com que a criança participe dos preparativos.
Através do diálogo, deixar claro o papel da escola, que é de proporcionar um ambiente propício à aprendizagem e socialização; do professor, que é de ensinar a aprender; dos colegas, com os quais deve ser buscada a convivência prazerosa e produtiva, já que todos estão na escola com o mesmo objetivo.
A família deve entregar a criança à escola de forma confiante, passando por sua vez confiança e credibilidade na escola. Os pais devem estar bem informados quanto à metodologia e rotinas, para evitar dúvidas e desencontros.
Não depende somente do professor que o aluno tenha uma boa formação, mas da visão que este tem para o seu futuro. Se ele busca estudar para entrar em uma faculdade, ter uma boa profissão vai valorizar a escola e considerar que ela tem um papel importante para que ele consiga alcançar este objetivo.














REFERÊNCIAS


____________, Educação e Conflito : Guia de Educação Para a Convivência. Xesús R Jares (2002)

BALTAZAR. José AntônioFamília e Escola: um espaço interativo e de conflitos. (2006)

PARO. Vitor Henrique. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. 2007.

GONÇALVES. Vilmar. Educar – De quem é a responsabilidade? Da Escola ou da Família?. 2008.

Disponível em:  www.camaralagoa.mg.gov.br/imprensa/boletim.php?bol=291

Acesso em 20 de mar. 2009


LINDEMEYER. Carmen Lucia Reichel. Papel da escola e dos pais.
Acesso em 20 de mar. 2009

Disponível em: www.cidadedocerebro.com.br/newsletter_escola_de_pais.asp
Acesso em 23 de mar. 2009

LOPES. Patrícia. Educação precisa acontecer no contexto familiar.
Disponível em: www.brasilescola.com/psicologia/papel-dos-pais-na-educação.htm
Acesso em 23 de mar. 2009.

EDUCAÇÃO sem fronteiras: Pedagogia/Alessandra Christiane Cardoso dos Santos. Campo Grande. Ed. UNIDERP, 2008. pág. 151 a 179.